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Lendas dos Vegetaes By: Eduardo Henrique Vieira Coelho de Sequeira (1861-1914) |
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DO MESMO AUCTOR: Os reptis em Portugal.
A fauna dos Lusiadas.
Guia do Naturalista.
Ninhos e ovos.
Á Beira mar.
Notavel transplantação de uma palmeira.
Esboço biographico de Adolpho Frederico Moller.
Jornal de Horticultura Pratica (1889, 1890, 1891, 1892). Typ. de A. R. da Cruz Coutinho. Caldeireiros, 28 e 30.
LENDAS DOS VEGETAES, POR EDUARDO SEQUEIRA.
PORTO 1892.
AO AMIGO ALFREDO FERREIRA DIAS GUIMARÃES. TIRAGEM UNICA DE 70 EXEMPLARES. Ex. n.º 26 offerecido por
ROSA MUSGO.
O louro anjo Sible tinha sido mandado por Deus, mitigar o soffrimento
d'uma pobre noiva cujo bem amado morrera na guerra, defendendo o solo
sagrado da patria. Era Sible o anjo mais gentil de todos quantos formam
a immensa legião que Deus commanda, e o favorito querido do Senhor. Contente com o encargo que lhe fôra dado, Sible bateu as azitas da mais
fina plumagem e dirigiu se para a cabana perdida no meio do bosque, onde
morava a desditosa Amel que, chorando desesperadamente, lastimava a
solidão e o abandono em que ficava depois de têr architectado tantos e
tão risonhos projectos de felicidade. Sible entrou na cabana no momento mesmo em que a inditosa rapariga,
allucinada pela dôr, procurava pôr termo á existencia, e começou, para a
consolar, a pintar lhe com tão brilhantes côres a morte gloriosa do
noivo, o logar distincto que elle ia occupar no reino dos ceus,
esperando que ella se lhe fosse juntar para se realisar o eterno e
venturoso enlace patrocinado por Deus, que o desespero da rapariga
abrandou como por encanto, e um sorriso, raio de sol após temporal
desfeito, fugitivamente se lhe esboçou no rosto amargurado. Mas para que
Amel merecesse uma felicidade tão extraordinaria, felicidade não sonhada
por mortal algum, era preciso, indicou lhe o anjo, que esquecesse a dôr
mitigando o soffrimento alheio, indo em santa romagem do bem para a
cabeceira dos doentes, dos pobres doentes desamparados de carinhos e de
familia, e para junto das creancinhas que a guerra fizera orphãs,
esperar que Deus a chamasse a si, dando lhe a companhia eterna do bem
amado. Sible empregou o dia todo na sua divina tarefa, e quando a noute começou
a estender o escuro veu sobre a terra, contente por se ter
satisfatoriamente desempenhado da tarefa que lhe era imposta,
despediu se da donzella e quiz tomar o caminho do ceu. Mas com o cahir
da noute estendera se sobre o bosque um espesso nevoeiro humido que
desnorteou Sible, e molhando lhe as pennas das azas o impossibilitou de
voar. O anjo vendo que lhe era impossivel alcançar o ceu, tratou de
procurar um retiro agradavel e seguro onde podesse socegadamente esperar
a manhã. Junto de uma parede meio desmoronada, vicejava uma pujantissima roseira
engrinaldada de formosissimas rosas brancas rescendendo os mais puros e
divinaes aromas. Mais encantador abrigo, melhor docel não era possivel
encontrar em todo o bosque. Sible foi á parede apanhar um montão de fôfo musgo e com elle fez sob a
roseira um leito confortavel, onde, depois, envolvendo se nas alvas azas
de arminho, se deitou disposto a esperar, velando, que chegasse a
madrugada. Porém o aroma que as rosas emittiam era tão embriagador, e o vento
brandamente passando atravez a folhagem cantava melodias tão doces, que
o anjo pouco a pouco cerrou os olhos e adormeceu profundamente. Nunca no ceu Sible passara uma tão agradavel noite! Sonhou sonhos tão
deliciosos que quando pela manhã o despertaram os primeiros raios do
sol, beijou reconhecido as rosas, e estas, córando de alegria e pejo,
ficaram para sempre rubras. Mas o anjo considerou o beijo bem fraca
recompensa para quem tão agradavelmente o emballara toda a noite, e
queria, antes de regressar ao ceu, dar lhe recompensa maior. Porém como tornar mais bellas as rosas em que tudo, fórma, colorido e
perfume tão distinctamente brilhavam? Esteve um momento pensativo, e depois, apanhando um pouco do musgo que
lhe servira de leito, resguardou cuidadosamente com elle os botões das
flores prestes a desabrochar, para que o frio, a chuva e os insectos
lhes não causassem damno algum... Continue reading book >>
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