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Noites de Cintra By: Alberto Pimentel (1849-1925) |
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O texto aqui transcrito, é uma cópia integral do livro impresso em
1908. Foi mantida a grafia usada na edição original de 1908, tendo sido
corrigidos apenas pequenos erros tipográficos que não alteram a
leitura do texto, e que por isso não foram assinalados.
COLLECÇÃO ANTONIO MARIA PEREIRA 17.º Volume
NOITES DE CINTRA
ALBERTO PIMENTEL NOITES DE CINTRA (2.ª edição, revista pelo auctor)
1908
PARCERIA ANTONIO MARIA PEREIRA
LIVRARIA EDITORA
Rua Augusta 44 a 54
LISBOA COMPOSTO E IMPRESSO NA TYPOGRAPHIA
DA
Parceria ANTONIO MARIA PEREIRA
Rua Augusta 44 a 54
LISBOA
I
Eramos dez, e tinhamos combinado, por desfastio, ir a Cintra, na
primavera, ouvir os rouxinoes. Parecerá menos inverosimil este pretexto, quando se disser que todos,
então reunidos em Lisboa, haviamos nascido na provincia, onde as volatas
dos rouxinoes dulcificaram as nossas primeiras noites de amor, e que o
mais velho de nós tinha trinta e sete annos apenas. Ainda assim, como prova involuntaria de que o melhor da nossa vida era
já então o passado, não foi approvado o projecto sem uma correcção
prosaica. Sim, iriamos ouvir os rouxinoes a Cintra, visto que elles não
costumavam fazer se ouvir nas ruas de Lisboa, mas temperariamos esse
devaneio romantico com as queijadas da Sapa, as laranjas do visconde da
Arriaga, e o Collares do conselheiro Francisco Costa. Como o mais novo de todos era o Gonçallinho Jervis, em cujo espirito
bailavam ainda pagens e castellãs n'uma chorea medieval, e em cujo
coração ardiam fogos de poetico platonismo, mettemol o á galhofa
convidando o a procurar na serra de Cintra um cabello da barba que
Bernardim Ribeiro haveria arrepellado ao vêr partir a frota com a
infanta D. Beatriz. Para falar verdade, nenhum de nós tinha grande confiança na realisação
de tão extravagante projecto, mas sobejou nos motivo para o applaudir,
porque durante mais de dois mezes nos forneceu alegrissimo assumpto
sempre que nos juntavamos todos ou pelo menos alguns. Deviamos partir em abril, segundo o programma primitivamente approvado
em assembléa geral. Não fomos, e acreditavamos já que não iriamos,
quando uma noite, no Martinho , resolvemos partir a 20 de maio. O Vasconcellos, muito habituado a viajatas, ficou encarregado de alugar
o char à bancs , e elle proprio me disse á puridade que tal não faria
senão á ultima hora, porque duvidava que se realisasse uma excursão
dependente do accordo de dez pessoas, todas ellas mais ou menos atarefadas. Como se tratava, porém, de um divertimento, de uma partie de plaisir ,
como lhe chamava o Leotte, aconteceu que, á hora marcada, apenas faltou
um, o Callixto, cuja falta, aliás, foi tida como de bom agouro, visto
chamar se elle Callixto. Tivemos que esperar á porta do Passeio Publico, que era o ponto de
reunião, rendes vous dizia o Leotte, que o Vasconcellos fosse alugar o
char à bancs , sendo entretanto votada uma moção de censura a este
nosso amigo pela falta de confiança que a communidade lhe inspirava. Eu,
por estar na posse do segredo, abstive me de votar. Um Catão! Partimos. Aquillo foi como se todos atirassemos canseiras e trabalhos
para traz das costas. Os palacios do Passeio Publico estremeceram nos
alicerces, sacudidos por um tufão de alegria. A passarinhada fugiu das
arvores precipitadamente, como se ouvisse troar uma peça de campanha. A
policia não estava accordada ainda; se fosse um pouco mais tarde,
deitava nos a mão. E affirmava o Vasconcellos que tinha visto as figuras
do Tejo e Douro dizerem nos adeus de dentro do Passeio, muito rapioqueiras... Continue reading book >>
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