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A Nuvem Peça dramatica, em verso, com prologo, dois actos e epilogo By: Luís Couceiro |
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A NUVEM Peça dramatica, em verso, com prologo, dois actos e epilogo AVEIRO Typ. "Minerva Central" 1910 LUIZ COUCEIRO A NUVEM Peça dramatica, em verso, com prologo, dois actos e epilogo AVEIRO Typ. "Minerva Central" 1910 PERSONAGENS Henrique Fernando Arminda Margarida Maria, creada Uma creança de 6 mezes PROLOGO Casa de Margarida, em completo desalinho. Uma meza ao centro, á qual Henrique se encontra sentado, lendo alto a carta que acaba de escrever. SCENA PRIMEIRA HENRIQUE, DEPOIS MARGARIDA E MARIA Henrique (só) «Corre um anno de vida desgarrada Que sempre tem levado o teu amante, E outra vida, decerto, attribulada, Suavisar, se procura, n'este instante. Vou partir, Margarida, e sê feliz; Porque emfim, cêdo apenas a um esforço De sentimento são; e ás almas vis Cabe lhe sempre o premio do remorso! Adeus! E vae fazendo o que poderes Para esquecer este homem transviado Do trilho, da conducta, e dos deveres! Adeus! A nada mais sou obrigado!» (Fechando a carta, pousando a na meza, e em momento resoluto) Sim! sim! jámais podéra ser possivel Combater contra a minha reflexão! E depois, que diabo! não é crivel Mudar se o santuario da união Pelo louco viver do mundanismo; Não, não é crivel ter a vida assim, E salvar me, procuro, d'este abysmo, Quando, demais, alguem soffre por mim! (Pausa e reflectindo depois) De facto, Margarida tem encantos, Tem sim, mas quaes? Aquelles tão sómente Que a tornam fascinada só de quantos A pretendam gosar satyramente! Goso estupido, goso só brutal, Que nos converte em féras, ou ainda N'um ente desprezivel e anormal! (Pausa, exclamando depois com sentimento) E abandonar te, eu, minha bôa Arminda, Levado na corrente d'esse imperio! (Tirando um retrato do bolso e admirando o) Oh! rosto tão suave de mulher! Perfil tão nobre, tão grande, tão sério, Como não será muito o teu soffrer! Semblante de bondade, a contrastar Com falsos attractivos de mundanas! Aqui, traços de paz bem salutar, (Em meditação) N'aquellas... linhas torpes e profanas! Rosto meigo que outr'ora me prendeu, A elle regresso, a elle vão meus passos, E crê que vou guiado pelo ceu, Buscando, d'amizade, os santos laços. (Beijando o retrato e levantando se de subito) Ah! É verdade! Tenho d'ella um filho! Nem me lembrava d'esse poderio!... Foi a fatalidade do meu trilho, E complemento do meu desvario... Comtudo, não importa, porque em suma, (Conformando se) É producto de falsas relações Que se dissolvem, qual tenue espuma... Existe uma creança; mas razões Me forçam a esquece la já tambem. (Tirando do bolso uma carteira) Concedendo dinheiro em abundancia Para que Margarida, como mãe, Provenha ao alimento dessa infancia. (Pousando a carteira na meza e espreitando em silencio a uma porta lateral) Coitadita da pobre creancinha!... A dormir!... Tem nos labios um sorriso... (Atirando lhe um beijo) Recebe um beijo, o ultimo, filhinha!... (Retirando se a custo) Custa me... mas então? Se me é preciso! E depois, meu bom Deus, crê, eu vos juro, Que farei tudo quanto fôr humano Para vellar por ella no futuro! (Pausa, depois da qual, com coragem) Vamos! (Parando e com desalento) É bem profundo o desengano! (Pegando no chapeu) De resto, casa, orgia... tudo ahi fica... E volto, emfim, ao lar santo e bemdicto, Onde, só de virtude, a vida é rica, E onde chego humilhado e bem contricto! (Sae rapidamente) . SCENA SEGUNDA Margarida (só) (Entrando por uma porta lateral e esfregando os olhos) Safa! Que dormir tão pesado o meu! Nem que fosse uma noite d'hymeneu, A prolongar um somno de fadiga! E então, que curiosa lucta e briga Com os sonhos, os mais extravagantes... Continue reading book >>
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