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O congresso de Roma (Conferência realisada pelo delegado portuguez do congresso do livre-pensamento)   By: (1850-1928)

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First Page:

MAGALHÃES LIMA

O CONGRESSO DE ROMA

(Conferencia realisada pelo delegado portuguez ao congresso do livre pensamento)

1904

LISBOA

MAGALHÃES LIMA

O CONGRESSO DE ROMA

(Conferencia realisada pelo delegado portuguez ao congresso do livre pensamento)

IMPRESSÃO

Typographia de O DIARIO

Rua da Atalaya, 134

LISBOA

Aos livres pensadores portuguezes

Pelo mandato com que me distinguiram no congresso de Roma

Magalhães Lima

Meus Senhores:

Com o mesmo direito com que os catholicos realisam a sua propaganda e as suas peregrinações a Roma, emprehendemos nós, livres pensadores, a nossa cruzada, não para saudar os velhos cardeaes do Vaticano, verdadeiros cadaveres ambulantes, uma especie de mumias petreficadas, symbolisando a Morte, mas para celebrar a Vida, a Natureza, o Cosmos, em todo o seu esplendor, em toda a sua grandeza, em toda a sua magestade, na pessoa dos sabios, dos philosophos, dos poetas, dos artistas, dos escriptores, dos homens de lettras o dos jornalistas, seus legitimos e authenticos representantes. Com effeito, o poder espiritual do papa é o poder da mentira, do erro, do prejuizo grosseiro, o poder do embuste, o poder da treva, da hypocrisia, do fanatismo e da superstição. O seu poder temporal representaria uma usurpação criminosa, condemnada pelo proprio Christo que mandava dar a Deus o que é de Deus e a Cezar o que é de Cezar. Para nós, livres pensadores, para o mundo moderno, ha um unico poder espiritual a sciencia, e um unico poder temporal o trabalho.

Sim, meus senhores, fômos a Roma, não para provocar o escandalo, o que seria improprio de homens que possuem uma educação philosophica desenvolvida, mas para dar aos jesuitas, aos papistas, aos ultramontanos e aos reaccionarios, de todas as côres e matizes, o exemplo da nossa cordura, da nossa serenidade, da nossa reflexão e da nossa tolerancia. Fômos a Roma para proclamar com Haeckel, o celebre anti papa, como lhe chamavam alguns, a consolidação definitiva d'um poder laico, fundado sobre a justiça. Fômos a Roma, para combater essa terrivel e poderosa hierarchia que se chama o Papismo ou o Ultramontanismo , e que se manifesta sob diversos aspectos, todos contrarios á natureza, á razão e á moral: o celibato clerical; a confissão auricular; as indulgencias que transformam o catholicismo em mercantilismo de judeus repugnantes, e a fé no milagre que gera o fanatismo e a superstição. Fômos a Roma para affirmar com Berthelot, outro notavel anti papa, que toda a educação, para ser solida e efficaz, deve libertar se da influencia religiosa, que, á semelhança de uma immensa teia de aranha, tudo envolve e açambarca. Fômos a Roma para demonstrar solemnemente que a religião não é a padrice , como dizia Ramalho Ortigão, nem a loucura, a idiotia, a que Oliveira Martins chamou allucinação bifronte , nem o delirio chronico , na opinião de um psichiatra francez eminente, porque, n'esse caso, teriamos tambem que admittir o alcoolismo como um dos aspectos da religião. Fômos a Roma, para dizer bem alto, com o professor Sergi, que todas as religiões, pela sua immobilidade, são imcompativeis com o progresso mental e moral das sociedades modernas. A religião, pela sua natureza e pelo seu valor, póde e deve considerar se como um phenomeno pre historico. É o producto d'uma epocha barbara, originada na ignorancia e no medo do inferno. A substancia de toda a religião é o fetichismo. E o catholicismo baseia se, precisamente, sobre o fetichismo e o terror das penas eternas, uma especie de inquisição, em que o Papa, Torquemada das consciencias, pretende impôr se em nome de um Deus cruel, vingativo e odiento.

Sob este ponto de vista pois, devemos dizer, e foi esta a primeira conclusão do Congresso que o livre pensamento é, essencialmente e fundamentalmente, anti religioso.

E era de vêr aquelle grandioso espectaculo de 4:000 congressistas, representando oitenta mil adhesões moraes, transformando a aula magna do collegio romano n'um parlamento mondial, como deverá ser o parlamento da Cidade futura, e marchando altivamente, em solemne cortejo, com as suas bandeiras e os seus estandartes desfraldados ao vento, para a Porta Pia, afim de celebrar a queda do poder temporal do papa, ou prestando homenagem á memoria de Giordano Bruno, hoje mais viva do que nunca, (como vivas estão as memorias de Gallileu, de Jean Jacques Rousseau, de Voltaire, de Copernico, de João Huss, de Jeronymo de Praga, de Etienne Dolet, do nosso Antonio José, O Judeu ,) ou descobrindo se respeitosamente diante da estatua de Garibaldi, que, tendo contribuído, mais do que nenhum outro, para a queda do poder temporal do papa e para a unidade italiana, deixou aos vindouros o encargo de completar a sua obra, com o anniquilamento do poder theocratico, que, mau grado nosso, ainda impera na cidade eterna ... Continue reading book >>




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