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A Pavorosa Illusão By: Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) |
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POR M. M. B. DU BOCAGE. LONDRES. 1837. A PAVOROSA ILLUSÃO. POR M. M. B. DU BOCAGE. LONDRES. 1837. Ao Leitor . As Nações, humas já quebráram as algemas do despotismo, outras não tardaram a erguer o grito da Liberdade; porque, aquellas desesperáram de se salvar, estas estam a beber as ultimas gotas do fel da tyrannia. Por toda a parte se alevantam os Povos contra a execravel imbecillidade dos reis e a maldita hypocrisia dos sacerdotes. Tão iniqua ha sido a crueldade dos principes e dos frades contra a especie humana, que esta se decidio em fim a sacudir, de viva força, o jugo de ferro que por tantos seculos lhes havia pesado. He já tempo que nós Portuguezes conheçamos a futilidade das illusões com que os nossos avós nos embaláram. Risquemos para sempre da memoria esses ridiculos preconceitos de que nos fartou a superstição, com o perfido intuito de mais a seu salvo nos envilecer. Eia. ...Leamos com attenção a excellente Epistola do nosso grande poeta Bocage, que tanto abunda em salutares preceitos de moral sublime. A PAVOROSA ILLUSÃO. EPISTOLA. Pavorosa illusão da eternidade, Terror dos vivos, carcere dos mortos, D'almas vãs sonho vão, chamado inferno; Systema da politica oppressora, Freio, que a mão dos déspotas, dos bonzos Forjou para a boçal credulidade; Dogma funesto, que o remorso arraigas Nos ternos corações, e a paz lhe arrancas; Dogma funesto, detestavel crença Que envenenas delicias innocentes, Taes como aquellas que no céo se fingem. Furias, cerastes, dragos, centimanos, Perpetua escuridão, perpetua chamma; Incompativeis producções do engano, Do sempiterno horror terrivel quadro (Só terrivel aos olhos da ignorancia) Não, não me assombram tuas negras côres: Dos homens o pincel e a mão conheço. Trema de ouvir sacrilego ameaço Quem de um Deos, quando quer, faz um tyranno. Trema a superstição; lagrimas, preces, Votos, suspiros, arquejando espalhe; Cosa as faces co'a terra, os peitos fira: Vergonhosa piedade, inutil venia. Espere ás plantas do impostor sagrado, Q'ora os infernos abre, ora os ferrolha; Que as leis e propensões da natureza Eternas, immutaveis, necessarias, Chama espantosos, voluntarios crimes; Que as ávidas paixões, que em si fomenta, Aborrece nos mais, nos mais fulmina; Que molesto jejum, roaz cilicio Com despotica voz á carne arbítra; E nos ares traçando a futil benção, Vai do gran'tribunal desenfadar se Em sordido prazer, venaes delicias, Escandalo de amor, que dá, não vende. Ó Deus! não oppressor, não vingativo, Não vibrando c'o a dextra o raio ardente Contra o suave instincto que nos déste; Não carrancudo, rispido arrojando Sobre os mortaes a rispida sentença; A punição cruel, que excede o crime, Até na opinião do cego escravo, Que te ama, que te incensa, e crê que és duro: Monstros de vis paixões, damnados peitos, Pungidos pelo sofrego interesse, Alto, impassivel numen, te attribuem A colera, a vingança, os vicios todos; Negros enxames, que lhe fervem n'alma. Quer sanhudo ministro dos altares Dourar o horror de barbaras cruezas; Cobrir de véo compacto e venerando, Atroz satisfação d'antiguos odios, Que a mira poem no estrago da innocencia: Ou quer manter asperrimo dominio, Que os vaivens da razão franqueia e nutre. Eil o em sancto furor todo abrasado, Hirto o cabello, os olhos côr de fogo, A maldição na bôcca, o fel na espuma; Eil o cheio de um Deus tam mau como elle; Eil o citando os horridos exemplos, Em que aterrada observa a phantasia Um Deus o algoz, a victima o seu povo. No sobr'olho o pavor, nas mãos a morte, Involto em nuvens, em trovões, em raios, D'Israel o tyranno omnipotente Lá brama do Sinai, lá treme a terra. O torvo executor dos seus decretos, Hypocrita feroz, Moysés astuto Ouve o terrivel Deus, que assim troveja: "Vai, ministro fiel dos meus furores, Corre, vôa a vingar me, e seja a raiva D'esfaimados leões menor que a tua... Continue reading book >>
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