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Poetas do Minho I - João Penha By: Alberto Pimentel (1849-1925) |
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Poetas do Minho I JOÃO PENHA BRAGA CRUZ & C.ª EDITORES MDCCCXCIV POETAS DO MINHO BRAGA TYP. «MINERVA COMMERCIAL» José Maria de Souza Cruz 1893 ALBERTO PIMENTEL Poetas do Minho I JOÃO PENHA BRAGA LIVRARIA ESCOLAR DE CRUZ & C.ª EDITORES Aquelle meu espirito opulento, Que vivia na luz dos sonhos bellos, Jaz ha muito nas ruinas dos castellos, Que no ar edifica o pensamento. João Penha. «... Quem publica um livro não o faz para o ler, publica o para que os outros o leiam. Quer, portanto, produzir um effeito qualquer, effeito que, em todo o caso, não pode ser o do somno: para este ha o opio, a belladona e o Codigo do Processo Civil.» João Penha. I Ha quinze dias, João Penha e eu, sentados no mesmo banco do americano , vinhamos do Senhor do Monte para Braga, e conversavamos de litteratura. Nomes de auctores, nomes de livros, recordações dispersas, do tempo em que elle redigia a Folha em Coimbra e eu lhe enviava do Porto algum insignificante auxilio de collaborador, passavam rapidamente na precipitação tumultuante do dialogo, a cada momento interrompido pelas paragens do tramway , pela entrada e saida de passageiros, pela voz auctoritaria do conductor, que explicava em dialecto calaico: Bai cheio. Num ha logar. Tendo João Penha alludido a mais de um dos poetas, que constituiram a constellação academica da Folha , para entrelembrar casos e anecdotas da bohemia coimbrã, disse lhe eu de repente: Por que não escreve as suas memorias de Coimbra? Não tenho tempo, respondeu elle. Encheriam tres volumes. Tres volumes, de certo, porque João Penha foi o chefe de um cenaculo numeroso, que viveu na alegria e nas lettras, que teve aventuras e triumphos, e que legou aos cursos subsequentes uma gloriosa historia ainda hoje rememorada com prestigio na tradição academica. Elle, erguido no pedestal que o voto unanime dos seus contemporaneos lhe havia consagrado, via do alto, como um idolo, toda a nervosa multidão da academia, que o adorava, observava todas as evoluções caprichosas d'essa legião gentilissima de rapazes talentosos, que se moviam em torno d'elle, conhecia todos os segredos da biographia de uma geração, que ha de ficar eternamente lembrada. Tres volumes, pelo menos, e não seriam de mais. Mas percebe se que lhe custe metter hombros a um labor de reconstrucção historica em que a penna seria como um estilete a revolver dolorosamente o coração saudoso do escriptor. Eu mesmo, que apenas segui de longe toda essa altivola mocidade academica, ouvindo reproduzida a distancia a sua voz no phonographo litterario da Folha e de uma boa dezena de poemas, eu que senti rolar até mim a lava candente do vulcão sem assistir ás tempestades explosivas da cratera, eu proprio experimento a vaga nostalgia da Coimbra d'aquelle tempo vendo envelhecer em Lisboa, na prosa da burocracia, do fôro, do professorado e do parlamento, os poetas que ha vinte annos constituiam a ala victoriosa dos novos commandada por João Penha. E, mais infelizes ainda, os que hoje não fazem leis, nem minutas, nem aggravos, nem compendios, dormem prematuramente o somno da morte na apotheóse serena, sem invejas, mas tambem sem desillusões, d'aquelles que, como Gonçalves Crespo, brilharam pelo clarão do seu talento, e passaram como um meteoro fugitivo. Tive Gonçalves Crespo por companheiro na Redacção da Camara dos Pares. O seu espirito doirava se ainda de um reflexo de alegria, sem constrangimento, que era como que o ultimo elo da sua tradição academica... Continue reading book >>
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