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Pranto de Maria Parda Porque vio as ruas de Lisboa com tão poucos ramos nas tavernas, e o vinho tão caro e ella não podia passar sem elle By: Gil Vicente (1470?-1536?) |
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PRANTO DE MARIA PARDA Porque vio as ruas de Lisboa com tão poucos ramos nas tavernas, e o vinho
tão caro e ella não podia passar sem elle EDIÇÃO POPULAR DECIMA SEGUNDA EDIÇÃO (oitava em separado das obras varias) Preço 20 rs. AS TRES BIBLIOTHECAS Empreza de Urbano de Castro e Alvaro Pinheiro Chagas Rua da Barroca, 72 Lisboa 1902
Offic. a vapor da Pap. Estevão Nunes & F.^os Aurea, 58 Lisboa
Pranto de Maria Parda
Por que vio as ruas de Lisboa com tão poucos ramos nas tavernas e o vinho
tão caro, e ella não podia viver sem elle DECIMA SEGUNDA EDIÇÃO OITAVA EM SEPARADO DAS OBRAS VARIAS
ADVERTENCIA IMPORTANTE ADOLESCENTES DE UM E OUTRO SEXO! Sob um titulo que vos poderá attrahir este livro contem mysterios de
iniquidade. Se o abrisseis depois d'este pregão, só de vós mesmos, vos podéreis
queixar. Não é para vós que foi escripto. Quem o apresentasse, ou o
permittisse, só esse seria o seu Invenenador Estas palavras escreveu as Antonio Feliciano de Castilho na primeira
pagina da traducção dos Amores de Ovidio O Pranto de Maria Parda não encerra mysterios de iniquidade, mas
tambem não deve ser lido pela innocencia.
Offic. a vapor da Pap. Estevão Nunes & F.^os Aurea, 58 Lisboa
PRANTO DE MARIA PARDA Por que vio as ruas de Lisboa com tão poucos ramos nas tavernas e o vinho
tão caro, e ella não podia viver sem elle
Eu so quero prantear
Este mal que a muitos toca;
Que estou ja como minhoca
Que puzerão a seccar.
Triste desaventurada,
Que tão alta está a canada
Pera mi como as estrellas;
Oh! coitadas das guelas!
Oh! guelas da coitada! Triste desdentada escura,
Quem me trouxe a taes mazelas!
Oh! gengivas e arnellas,
Deitae babas de seccura;
Carpi vos, beiços coitados,
Que ja lá vão meus toucados,
E a cinta e a fraldilha;
Hontem bebi a mantilha,
Que me custou dous cruzados. Oh! Rua de San Gião,
Assi 'stás da sorte mesma
Como altares de quaresma
E as malvas no verão.
Quem levou teus trinta ramos
E o meu mana bebamos,
Isto a cada bocadinho?
Ó vinho mano, meu vinho,
Que ma ora te gastamos. Ó travessa zanguizarra
De Mata porcos escura,
Como estás de ma ventura,
Sem ramos de barra a barra.
Porque tens ha tantos dias
As tuas pipas vazias,
Os toneis postos em pé?
Ou te tornaste Guiné
Ou o barco das enguias. Tríste quem não cega em ver
Nas carnicerias velhas
Muitas sardinhas nas grelhas;
Mas o demo ha de beber.
E agora que estão erguidas
As coitadas doloridas
Das pipas limpas da borra,
Achegou lhe a paz com porra
De crecerem as medidas. Ó Rua da Ferraria,
Onde as portas erão mayas,
Como estás cheia de guaias,
Com tanta louça vazia!
Ja m'a mim aconteceo
Na manhan que Deos naceo,
Á hora do nacimento,
Beber alli hum de cento,
Que nunca mais pareceo. Rua de Cata que farás,
Que farei e que farás!
Quando vos vi taes, chorei,
E tornei me por detras.
Que foi do vosso bom vinho,
E tanto ramo de pinho,
Laranja, papel e cana,
Onde bebemos Joanna
E eu cento e hum cinquinho. Ó tavernas da Ribeira,
Não vos verá a vós ninguem
Mosquitos, o verão que vem,
Porque sereis areeira.
Triste, que será de mi!
Que ma ora vos eu vi!
Que ma ora me vós vistes!
Que ma ora me paristes,
Mãe da filha do ruim! Quem vio nunca toda Alfama
Com quatro ramos cagados,
Os tornos todos quebrados!
Ó bicos da minha mama!
Bem alli ó Sancto Esprito
Ia eu sempre dar no fito
N'hum vinho claro rosete... Continue reading book >>
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