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A Senhora Viscondessa By: Sebastião de Magalhães Lima (1850-1928) |
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A SENHORA VISCONDESSA ROMANCE ORIGINAL POR S. DE MAGALHÃES LIMA COIMBRA Imprensa Commercial e Industrial 1875 A TI A ti, que hoje és ideal, e que um dia serás mãe; a ti, que foste filha e que has de ser esposa; a ti, mulher, a ti, Consagro este livro. Magalhães Lima I Um baile Temos baile em casa da sr.^a viscondessa de B . Á porta do palacete param trens sem conta. Descem os convivas, profusamente almiscarados. No salão crusam se os pares: elles , fragrantes, como uma rosa de Bengalla; ellas , voluptuosas e tépidas, como uma brisa do Oriente. A sala é vasta, enorme, quadrangular. A cada canto uma mesa de marmore oleosa e de difficil lavôr. Do tecto dourado e semicircular pende um lustre de sessenta lumes, adornado de flores artificiaes e de vidrilhos verdes. A mobilia, de um estofo azul e assetinado, rivalisa em symetria com os mais encantados jardins de Granada. As janellas abertas atraiçoam os segredos dos namorados. Como relampagos, reflectem se na praça as vertigens da walsa. Por sobre a sombra do arvoredo ondeia a luz phantasticamente. A cada um d'estes banhos despertam as aves nos seus ninhos. E a lua, a doce companheira da tristeza, vae illuminando o espaço, o mar e as solidões. As flores derramam uns aromas acres e inebriantes. N'um esplendido vaso de porcellana de Sévres , abre uma mimosa camelia as suas longas e avelludadas petalas. Umas plantas exoticas, orientaes, adornam o espaço ladrilhado das janellas de sacada. Entra a viscondessa na sala. Os grupos cessam de falar. Em redor d'ella tudo se apinha, tudo se confunde, tudo se baralha. A valsa recomeça. Nos espelhos de crystal reflectem se as estranhas imagens, que, n'esta noite, povoam o salão. Sobre as piscinas de marmore debruçam se as avesinhas artificiaes pobres avesinhas implumes feitas de pedra e de calcareo. Estremecem docemente os cortinados da janella. Os peitos arfam de cançados; e na parede o papel, como que exhala uns mysteriosos e prolongados calores. Quer v. ex.^a conceder me esta valsa? diz um cavalheiro, offerecendo o braço a uma gentil dama de vinte annos. E entrou no turbilhão. Mas perdão, senhora viscondessa... bem vê que na minha posição... Acompanhe me, Alfredo. E os dois seguiram para uma saleta proxima, situada á direita do salão. Os creados serviram o chá. Na varanda fumavam e conversavam os cavalheiros. Algumas senhoras refaziam a sua toilette , em parte desfeita pelos ardores da dança. E acredita a senhora viscondessa, que eu realmente lhe podesse ser affeiçoado nas condições em que me acho? E por que não, Alfredo, se eu o amo loucamente. Um leve ruido interrompeu o dialogo. A saleta era assaz confortavel. Uns moveis escuros a guarneciam tristemente. Ao longo da parede destacavam uns quadros sombrios, meigos, phantasticos. Em cima do fogão agitava se o pendulo do relogio, como se effectivamente nos quizesse recordar uma pulsação dolorosa. A viscondessa, airosamente sentada n'um fofo sophá, volvia os olhos nervosos na direcção da porta do baile. Ninguem nos ouvirá exclamava ella de si para si. E continuou a fallar para Alfredo, que, a longos passos, percorria a sala de um a outro extremo. Entretanto a orchestra convidava a uma quadrilha. Um elegante moço entrou na saleta. Venho lembrar a v. ex.^a, minha senhora, que esta quadrilha me pertence. A viscondessa acompanhou o. Alfredo só, roia um charuto furiosamente, quando novo ruido o despertou. Defronte d'elle, e ameaçando o com um punhal, estava um rapaz, cheio de febre, de odio e de vingança. Ouvi tudo exclamou o intruso. Ou tu me promettes nunca amar a viscondessa, ou eu te assassino aqui, como um miseravel que és... Continue reading book >>
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