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Suicida   By: (1825-1890)

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SUICIDA

PORTO Typographia de A. J. da Silva Teixeira Cancella Velha, 63 1880

Camillo Castello Branco

SUICIDA

Cada suicida é um poema sublime de melancolia.

Balzac.

Livraria Internacional de Ernesto Chardron, Editor PORTO E BRAGA 1880

ELISA LOEVE WEIMAR

A senhora, que teve este nome, suicidou se com um tiro, no Porto, no dia 30 do mez passado[1].

D'entre os meus escriptos de ha doze annos reproduzo um que a toda gente, com certeza, esqueceu, tirante o coração d'aquella que hoje é morta.

Dizia assim:

A Formosa das Violetas

Julio Janin, no folhetim do Jornal dos Debates de 30 de março do corrente anno (1863), escreveu o seguinte: «No anno da graça de 1836, o mez de abril correu aprazivel e delicioso; e no mez de maio resoaram canções que farte. Ora, a ponto de expirar o mavioso abril e repontar o maio (apenas são volvidos vinte e sete annos e tres revoluções!) as turbas afanadas e curiosas acotovelavam se no vestibulo do theatro da Porte Saint Martim . O já então popular e glorificado author de HENRIQUE III, de ANTONY, de RICARDO DE ARLINGTON, da TORRE DE NESLE e de ANGELO, n'aquella noite, puzera em scena um mysterio em que figuravam anjos e demonios. Agrupados á porta do theatro, muitos rapazes d'aquelle tempo cediam o passo á multidão azafamada, divertiam se a vêl a enthusiasmada, e notavam os homens conhecidos, os homens celebres, uns no começo, outros no termo da sua carreira. Eis senão quando todos os olhos convergiram sobre um soberbissimo trem, uma berlinda de Erhler, ajaezada á Brune, e tirada por uma parelha de enormes urcos inglezes, sahidos das cavallariças de madame la Dauphine . Um espadaúdo cocheiro, e um alentado hungaro de sete palmos de altura, afóra o pennacho, todo broslado de galões de ouro, completavam a equipagem que parou de súbito á porta do theatro. E, aberta logo pelo keiduque a portinhola, cahidos estrondosamente os degraus da berlinda, vimos apear um elegante moço.

«Não tinha ainda trinta annos; vestia com requintado esmero; gravata branca e luvas amarellas; estatura corpulenta e formosamente conformada; cabelleira clamistrada; bocca um tanto grande, mas graciosa; olhar ardente, e altiva compostura no aspecto. No braço do mancebo apoiava se a leve mão de uma senhora, juvenil como elle, anciosa de volitar por sobre o espaço intermedio. Que linda ella estava com o seu vestido de primavera! Violetas na mão, violetas como adorno no chapéo de palha, ondulante faxa a tira collo, calçada com extremada perfeição de botinas gaspeadas de cinzento e escarlate. Formosa e esbelta a mais não ser! A impaciencia tirava por ella; e o irmão caminhava a passo mesurado, com aquelles ares de homem que em si escuta a fada benigna da suprema fortuna. Exornavam o peito do cavalheiro as mais variegadas côres da pedraria dos ornatos e condecorações. Era barão em França, marquez em Hespanha[2], e socio do club dos fidalgos florentinos. Contava se e era verdade que o somenos utensilio dos seus aposentos era de ouro: o seu lavatorio era de ouro armoreado, e dourada a sua camara. E, todavia, creiam me, se quizerem: a sensação que nos causou foi a da admiração sympathica; inveja, não. N'esta França, attenta e alheada nos apparecimentos de cada dia, taes como, de manhã, AS ORIENTAES, depois A CARNAGEM DE MISSOLONGHI de Eugenio de Lacroix; ao meio dia, os discursos de Thiers; á noite, a opera de Meyerbeer; no dia seguinte, um romance de Balzac, uma canção de Alfredo de Musset, entre nós, aquelle mancebo tinha, de pouco, revelado Hoffmann e os seus contos. Escrevia elle rapido, pouco e bem. Sabia inglez como um diplomata, e allemão como um philosopho. Pertencia n'aquelle tempo á nascente redacção do Jornal dos Debates , e chamava se LOEVE WEIMAR».

Até aqui Julio Janin.

Nos arrabaldes de Londres, em uma quinta de delicias, quantas póde imitar da natureza a arte britannica, vivia, n'aquelle tempo, um portuguez que a intolerancia politica expatriára em 1828... Continue reading book >>




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